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Estreia oficial na Baixada Fluminense do documentário "Nossos Mortos Têm Voz".

Evento acontecerá no Teatro SESC, localizado na Rua Dom Adriano Hipólito, 10 – Moquetá, Nova Iguaçu

 

A exibição do filme começa às 18:30h e em seguida haverá um debate com a presença dos diretores do filme, representantes do Fórum Grita Baixada, do Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu e da Rede de Mães e Familiares de Vítimas da Violência de Estado na Baixada Fluminense, protagonistas do filme.

 

O documentário "Nossos Mortos Têm Voz" foi realizado a partir da parceria entre a Quiprocó Filmes, o Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, o Fórum Grita Baixada e a Misereor. Tendo como foco principal o depoimento de mães e familiares de vítimas da violência de Estado na Baixada Fluminense, o documentário pretende trabalhar com as histórias atravessadas por essas perdas. Pretende-se resgatar a memória das vidas interrompidas trazendo uma visão crítica sobre a atuação do Estado através das polícias na Baixada Fluminense, sobretudo no que diz respeito à violência contra jovens negros.

 

Os diretores Fernando Sousa e Gabriel Barbosa explicam que "Nossos Mortos Têm Voz" busca traduzir para a linguagem cinematográfica o grito das mães e familiares vítimas da violência de Estado na Baixada Fluminense, que lutam pela memória e justiça dos seus filhos e familiares: “Queremos provocar inquietação nos agentes do Estado e nas suas instituições, mas sobretudo desejamos que o filme potencialize todo o trabalho e militância das mães e familiares massacrados pelo Estado. 'Nossos Mortos têm Voz' é um grito que expressa a dor das mães ao mesmo tempo em que as coloca como protagonistas na luta pelo direito à vida nas favelas e periferias do Brasil", contam.

 

Para o coordenador do Fórum Grita Baixada Adriano de Araujo, desde a pré-estreia, ocorrida no Cine Odeon em março, observa-se que o filme tem provocado uma série de reflexões muito fortes sobre a trajetória de luta dessas mães, ao mesmo tempo que evidencia como o Estado continua matando, seja pelos assassinatos em si, mas também pela não responsabilização e reparação desses crimes bárbaros.

 

Padre Marcio Rodrigues, coordenador do Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu explica que o lançamento do filme vai representar a maior visibilidade da Rede de Mães e Familiares de Vítimas de Violência na Baixada: "Esperamos que o filme fortaleça a caminhada da Rede, dessa trajetória de mulheres que com muito esforço buscam somar forças para uma Baixada Fluminense sem violência"

 

Sinopse

A narrativa do documentário é construída a partir do depoimento e do protagonismo das mães e familiares vítimas da violência de Estado da Baixada Fluminense. Tendo como ponto de partida esses casos, mas não se limitando à crueza da violência praticada, o documentário trabalha com as histórias atravessadas por essas perdas. Pretende-se resgatar a memória dessas vidas interrompidas trazendo uma visão crítica sobre a atuação do Estado através das polícias na Baixada Fluminense, sobretudo no que diz respeito à violência contra jovens negros.

 

Contexto histórico

Entre as décadas de 50 e 70, a Baixada Fluminense foi projetada nacionalmente pela atuação de esquadrões da morte. Nos anos 1980, a Baixada novamente ficaria marcada pela atuação de grupos de extermínio, ambos compostos por policiais e outros agentes do Estado. Ao longo desse período, matadores foram eleitos a cargos políticos e a influência dos grupos criminosos penetrou nas estruturas de poder legislativo, executivo e do judiciário.

 

A partir da década de 1990 observa-se a expansão e a presença do tráfico varejista de drogas e a emergência das milícias, especialmente nos anos 2000 e 2010. As estruturas de poder político e de ganhos econômico-sócio-culturais calcadas na violência se consolidaram, modificaram e se reconfiguram permanentemente, sobretudo nas esferas do poder econômico e político.

 

Essa configuração faz com que as taxas de violência letal sejam umas das mais altas do país. Somente entre os anos 2006 e 2016, foram assassinadas 20.645 pessoas na Baixada Fluminense. Esse número representa 30% das mortes violentas do estado do Rio, com taxas anuais que superam 60 assassinatos por 100 mil habitantes. A letalidade policial soma a essa realidade números alarmantes, com 2216 casos registrados durante mesmo período, correspondendo a aproximadamente 12% das mortes violentas da Baixada.

 

Trilogia da memória

 

O documentário "Nossos Mortos Têm Voz" é o segundo filme da "Trilogia da Memória", da qual fazem parte os documentários "Nosso Sagrado" e "Entroncamentos". Enquanto dimensão incontornável da nossa humanidade, a memória não só nos define como também constrói nossa experiência social. A luta contra o esquecimento é a luta contra a morte, o fenecimento. Na "Trilogia da Memória", ela aparece como um instrumento de resistência contra o Estado que, de forma violenta, insiste em apagar as memórias de pessoas e lugares. Recontar a história a partir da narrativa não oficial é o passo fundamental para a transformação do presente e do futuro. A narrativa da memória é a arma com a qual buscamos continuar contando (para nós mesmos) quem somos. 


PÁGINA DO EVENTO DA ESTREIA

 

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Ficha Técnica

Direção: Fernando Sousa & Gabriel Barbosa.

Argumento e roteiro: Fernando Sousa & Gabriel Barbosa.

Produção: Gabriel Barbosa.

Pesquisa: Terine Husek e Vinicius Santiago.

Direção de fotografia: Luis Felipe Romano.

Câmeras: Debora Indio do Brasil, Jorge Bernardo, Karima Shehata e Luis Felipe Romano.

Som direto: Vilson Almeida.

Montagem: Debora Indio do Brasil.

Assistente de edição: Lucas Vieira.

Designer: Luiza Chamma.

Música: “Mãe”. Autores: Emicida, Dj Duh, Dona Jacira, Renan Inquérito. Intérprete: Emicida, Anna Tréa, Dona Jacira. Gravadora: Laboratório Fantasma. Fonograma gentilmente cedido pelo Laboratório Fantasma.

Produção: Quiprocó Filmes.

Co-produção: Arpoador Comunica Filmes.

Apresentação: Fórum Grita Baixada, Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu e Misereor.

Apoio: Fundação Heinrich Böll, Rede de Comunidades Contra a Violência, Fundo Brasil de Direitos Humanos e Casa Fluminense.

Realização da Programação: SESC Nova Iguaçu.

Classificação Etária: 12 anos.