10 de maio de 2024
Incidência política
FGB recebe visita de secretária executiva do Ministério de Igualdade Racial
Ana Míria Carinhanha é integrante do Grupo de Trabalho Técnico (GTT) Sales Pimenta. Um de seus objetivos é propor a criação de políticas de proteção para os defensores de direitos humanos.
Fórum Grita Baixada (FGB) recebeu, na manhã dessa quinta-feira (09/05/2024), a secretária executiva adjunta do Ministério da Igualdade Racial, Ana Míria Carinhanha . Ela integra o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) Sales Pimenta , colegiado instituído pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) que tem como um dos objetivos centrais propor a criação de políticas de proteção para os defensores de direitos humanos, comunicadores e ambientalistas, cuja atuação deverá ser calcada em metas, ações, indicadores e prazos.
A vinda do Grupo de Técnico de Trabalho Sales Pimenta foi solicitada pelo Fórum Grita Baixada dentro da agenda aberta pelo MDHC para consultas públicas e escuta da sociedade civil por ocasião da elaboração do Plano Nacional de Proteção a Defensoras e Defensores de Direitos Humanos.
FGB convidou ativistas e organizações que compõem a Rede de Proteção Integral a Defensoras e Defensores de Direitos Humanos da Baixada Fluminense (RPIDDH -BF), grupo articulado que busca formas de exercer suas militâncias em territórios vulneráveis e que sofrem com ameaças e ataques de grupos econômicos, políticos e criminosos
Também foram convidadas integrantes da Rede de Mães e Familiares de Vítimas de Violência de Estado da Baixada Fluminense que não integram ainda a RPIDDH - BF e a professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Nalayne Pinto, Coordenadora da Pesquisa de Mapeamento Exploratório sobre Desaparecimentos Forçados em parceria com o Fórum Grita Baixada e com o apoio do Centro dos Direitos Humanos de Nova Iguaçu.
Os depoimentos dados na Consulta Pública foram marcados pela pluralidade de perspectivas sobre as diversas violações, ameaças e riscos sofridos por defensoras e defensores de direitos humanos da Baixada Fluminense, fornecendo um olhar de quem luta diariamente para a promoção da justiça, cidadania e dignidade.
Vejam os relatos partilhados na reunião:
Em seu momento de fala, o coordenador executivo do Fórum Grita Baixada, Adriano de Araujo, afirmou que ainda há uma grande negligência de governos, especialmente da esfera federal e estadual, em considerar a Baixada Fluminense e sua população. Apesar da Baixada Fluminense apresentar indicadores de letalidade violenta proporcionalmente superiores as da capital, as ações de atendimento psicossocial a mães e familiares de vítimas de violência, por exemplo, não são destinadas região, e sim a cidade do Rio de Janeiro. O mesmo ocorre em outras áreas, como as do acesso a agua e saneamento, educação infantil e oferta de creches públicas, enfrentamento ao racismo religioso, trabalho e renda, enfrentamento a pobreza, LGBTfobia, transfobia ou racismo ambiental.
- “Ainda precisamos disputar esses espaços, demonstrar o quanto somos invisíveis. É preciso que haja mais esforço para que diálogos como esse sejam pensados para a população da Baixada Fluminense também”, disse Araujo.
A secretária Ana Míria disse que iria entrar em contato com os presentes para se discutir estratégias e dar uma devolutiva em relação a algumas questões apresentadas que já estão sendo consideradas pelo Governo Federal, mas que precisam ser conhecidas e acessadas pelas organizações e cidadãos, ressaltando a importância de que o MIR e as demais pastas ministeriais sejam permeáveis aos interesses da população: -“Tem oito anos que acompanho essas pautas e, apesar de alguns avanços, pouca coisa mudou de forma estrutural. Precisamos do apoio de vocês, o Ministério também é de vocês”.
Adriano de Araujo e Renata Aguiar terão uma reunião de trabalho a ser agendada pela Secretária Executiva Adjunta do Ministério de Igualdade Racial (MIR), Ana Míria Carinhanha de modo a dar encaminhamento sistematizado às questões levantadas na reunião.
Sobre o Grupo de Trabalho Salles Pimenta
O Grupo de Trabalho Técnico (GTT) Sales Pimenta foi batizado com o nome do militante Gabriel Salles Pimenta, como forma de resgatar sua memória e reconhecer sua luta em defesa dos direitos humanos. Gabriel Salles Pimenta era advogado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá e foi assassinado em 1982, aos 27 anos, em Marabá, Pará. Ele buscava proteção do Estado, mas não foi atendido.
O GTT foi criado em junho de 2023, por decreto, com o objetivo central de propor políticas de proteção para defensores de direitos humanos, comunicadores e ambientalistas. Esse grupo é composto por representantes do Governo Federal, coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), além de ministérios da Justiça e Segurança Pública, Meio Ambiente e Mudança do Clima, Povos Indígenas, Mulheres, Igualdade Racial, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, bem como integrantes da Secretaria-Geral da Presidência da República e da Advocacia-Geral da União.
Além disso, o GTT também inclui representantes da sociedade civil, escolhidos por meio de um processo eleitoral coordenado pela Comissão Permanente de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos e Enfrentamento à Criminalização dos Movimentos Sociais do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH). O objetivo deste colegiado é elaborar propostas para o Plano Nacional de Proteção e um anteprojeto de lei sobre a Política Nacional para defensores de direitos humanos, comunicadores e ambientalistas.