15 de outubro de 2021
Artigo
Brasileiro possui o menor salário de professor dentre a categoria na América Latina
por Samanta Pereira, diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE) – Nova Iguaçu
Desde que foi eleito, Bolsonaro se dedicou intensivamente a atacar os professores e fazer destes inimigos da sociedade. Em 18 de setembro de 2020, afirmou que “para eles estava bom ficar em casa”, insinuando que a pandemia seria benéfica para professoras e professores, desconsiderando que muitos foram vitimados pela COVID-19. E, no dia 16 de setembro de 2021, os professores sofreram mais um ataque, o presidente, em contato com seus apoiadores no cercadinho do Palácio do Planalto, ao declarou que “excesso de professores atrapalha”.
Com essa declaração, Jair Bolsonaro demonstra desconhecer os dados e a realidade da Educação no Brasil, que só no Rio de Janeiro possui 1.967.998 matrículas no ensino fundamental [IBGE,2020] e apenas 101.000 docentes [IBGE,2020] distribuídos em 7.677 escolas [IBGE,2020]. Números que na prática se traduzem em turmas superlotadas e falta de professores nas escolas, sem mencionar a estrutura física das escolas que precisam de reformas e os cortes de investimentos em Educação. O Brasil está entre os poucos países que não aumentaram seus investimentos em educação durante a pandemia.
Segundo o relatório da Education at a Glance 2021, produzido pela OCDE, os professores brasileiros têm salário inicial de 13,9 mil dólares por ano, enquanto na Alemanha um professor do mesmo nível recebe 70 mil dólares ao ano e em países da América Latina como Colômbia e Chile, o valor do salário é de 20 mil dólares por ano. O estudo divulgado, além de revelar que o Brasil paga um dos piores salários aos seus professores ainda revela que foi identificado uma das maiores disparidades de performance entre estudantes das camadas mais pobres e os das camadas mais altas.
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo” [Paulo Freire]. Somente através de uma educação de qualidade, conseguiremos superar a desigualdade social, refletida no estudo e sentida no nosso dia a dia. Uma Educação que desperte a consciência e emancipe os indivíduos e este, é maior temor do projeto político que tem Bolsonaro como seu representante no Brasil.